Sobra pouco, tão pouco.
Talvez um punhado de grãos de areia
que atiro à pedra
do muro que me refreia.
Sobra pouco, tão pouco!
E a vida que é uma linha redonda,
Uma oscilação que nos embala,
Ou que é mar que no retorno da onda,
nos suspende e intervala
Salpica de sal cada braçada
Alimentando o corpo que na encruzilhada
Aprisiona a vontade que se encalha
E de carne se amortalha
A vida, qual linha redonda
Duas pontas soltas, sem nó
Um novelo enrolado em sim mesmo
Um mundo de gente, junta, tão só.
A vida é uma malha que se escapa
É uma gota de chuva na curva da face
É uma vírgula da frase da contracapa
É o prólogo antes do desenlace
E Sobre pouco, tão pouco
Memórias de gente viva, talvez.
Fernanda Paixão
20140428
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