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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Sobra Pouco



 
 

Sobra pouco, tão pouco.

Talvez um punhado de grãos de areia

que atiro à pedra

do muro que me refreia.

 

Sobra pouco, tão pouco!

 

E a vida que é uma linha redonda,

Uma oscilação que nos embala,

Ou que é mar que no retorno da onda,

nos suspende e intervala

 

Salpica de sal cada braçada

Alimentando o corpo que na encruzilhada

Aprisiona a vontade que se encalha

E de carne se amortalha

 

A vida, qual linha redonda

Duas pontas soltas, sem nó

Um novelo enrolado em sim mesmo

Um mundo de gente, junta, tão só.

 

A vida é uma malha que se escapa

É uma gota de chuva na curva da face

É uma vírgula da frase da contracapa

É o prólogo antes do desenlace

 

E Sobre pouco, tão pouco

Memórias de gente viva, talvez.

 

Fernanda Paixão

20140428