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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sou




Sou pouco,
Um nada feito de mim
Um vazio cor de marfim

Sou matéria
Éter volátil destinado a Morfeu
Nuvem sem água, um fogo que ardeu

Sou terra
Um pedaço de pedra a desfazer-se em pó
Linha traçada, corda desfiada sem dó

Sou electrão,
Talvez protão,
Sou carga eléctrica que se anula na fusão

Sou areia que entre os dedos se escapa
Sou a hera que sobe pela escarpa
Sou a mão que partilha os teus medos
Sou água que lava os segredos,
Sou a brisa que se elevar no ar
Sou um nada feito para te Amar.
By Fernanda Paixão
05-07 -2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ás vezes



 




Às vezes,

Parecem tão longos os minutos das horas;

Parecem sombrios os raios de Sol

Parecem em brasa os caminhos da vida

Às vezes

Caem da alma gotas salgadas

Doem as mãos que se entregam e se dão

Arrastam-se os pés que, cansados, dizem que não, e

No silêncio da noite ouvimos queixumes

Os olhos pesados insistem fechar-se

Às vezes

Apenas o eco me recorda o viver

Apenas os teus olhos me aquecem o ser e

Quando em pranto desisto de estar

Amparas-me o corpo que se quer entregar

Às vezes

Quando a vontade é de desistir

De fugir para longe ou mesmo partir

De negar a presença à maldade humana

Ergues-me tu desta entrega mundana

Às vezes

Esqueço o dormir.

Às vezes,

Tantas vezes

Escondo o sofrer e a pele rasgada

Saro as feridas com água salgada

Aperto o espartilho do coração a bater e

Recolho o sangue que está verter

Às vezes

Elevo à força as ruínas de mim

Ascendo o mundo com trepadeiras jasmim

Voo no vazio esquecendo o sentir

Para conseguir voltar …. a sorrir

Ás vezes,

Tantas vezes …



By Fernanda Paixão


20110928

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Choro


Choro hoje
A vergonha dos homens
A maldade espelhada no rosto
A traição disfarçada no olhar
A agonia que trazem no peito
Choro hoje
A agonia de quem tem que lutar
A arrogância dos que teimam ganhar
A hipocrisia dos que se escondem para não opinar
Choro hoje
Choro porque transportas na mão
O frio, as armas, a desilusão
Choro
Choro porque sei,
que nada poderei …
mudar.

By Fernanda Paixão
20110720

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Letargia


Qual o desejo?

Qual o fluxo que te impele?
Qual a cor que reveste a tua pele?
Qual o bafo que te acalenta?
Qual a comida que te alimenta?

Quais as palavras ou alegorias
Quais as passadas que arrepias
Quais os  sorrisos que entristeces
Qual a força em que desfaleces?

Vejo o pendor do teu caminhar
A vontade de abnegar
Vejo a tua porta a fechar!

Não!
Não te quero na letargia
Na entrega a essa agonia
Vivendo em plena afonia
De quem se permite afogar

Não!
Não desistas lentamente
Hás-de lutar contra a corrente
Hás-de saber que és gente
Gente com sangue latente
E vontade de mudar!

By Fernanda Paixão
2011-08-29

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sou pouco mais




Sou pouco mais que vento
Soprado numa bola de sabão
Um punhado de areia que te escapa pelos dedos da mão
Sou pouco mais que a cor
Pincelada na tela do artista
Sou como a espuma do mar que morre por mais que resista
Sou pouco mais que um sorriso
Rasgado num rosto humano
Sou como uma flor delicada que luta no solo ufano
Sou pouco mais que água
Que a ninguém irá pertencer
Um rio que corre para o mar para nele tornar a nascer
Sou pouco mais que letras
Que ninguém sabe entender
Sou como um livro aberto à espera de quem o saiba ler
Sou pouco mais que uma ideia
Que surge ao amanhecer
Sou como uma fantasia de quem se nega crescer
Sou pouco mais que neve
Uma lágrima corre na face
Sou como o silêncio da noite que aguarda que a luz o abrace
Sou pouco mais que nada
Sou apenas aquilo que sinto
Sou apenas uma mulher sensível no seu instinto
Sou apenas uma mulher
Sou sofrimento ou labirinto

By Fernanda Paixão
23/08/11