Um dia estarei por aí,
Perder-me-ei entre paredes caiadas de branco.
Olharei as portas e as janelas fechadas, adivinhando os cheiros e as cores que mantêm veladas.
Nem os passos que se cruzam com os meus me encontrarão.
Passarei leve, em silêncio, pesando as correntes do passado e deixarei correr, livres, as dores das máculas que a vida fez questão de escrever.
Serei eco das memórias guardadas que os ramos das árvores sacodem na tentativa de purgar a dor.
E as saudades serão as sombras do ontem que, agora doces, caminharão ao meu lado.
E quando, como brisa, fugir por aí, soprarei, livre, as palavras que um dia contive.
Um dia, estarei por aí
2024/07/23
@ Fernanda Paixão