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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Há dias…



Há dias em que Sofremos
Sem saber porquê
Há dias em que parece que o mundo se vira ao contrário
Há dias em que o nada parece infinito e o infinito parece vazio
Há dias em que os olhos parecem não olhar e a alma parece trovejar,
Aqueles dias em que um pequeno nada parece arrancar-nos o coração do peito
e nos deixa o sentimento desfeito, deitado na lama.
Há dias em que o céu parece cinzento e o sol teima em não brilhar.
Há dias que teimam não acordar.
Quando esses dias se instalam, se impregnam na pele e arrebatam o sonho … vale a pena gritar.
Gritar ao mundo, Gritar ao vento
Porque o desalento não pode durar…
E assim libertar o sofrimento e
Gritar!
Gritar!
Gritar do cimo de uma montanha colada ao céu
Gritar através da alma e mesmo sem calma
Gritar mesmo sem falar através de uma trova
E mesmo que chova
Deitada na relva sentido as gotas na pele molhada e assim embalada
Voar!
Voar livre
Voar em sonhos febris
Voar porque o sofrimento não se diz
Voar porque se é feliz …


By Fernanda Paixão
2010-06-28

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Amor não é …


Amor não é fogo que arde sem se ver
Não é ferida que dói e não se sente
E não é contentamento descontente
Amor é entrega permanente

Amor é um constante partilhar
É um sentimento sempre presente
É um olhar a dois consciente
É uma boca em duas confidente

Amor é abnegação
É doçura e candura
É ter e dar com ternura
É sintonia do coração

Amor é caminhar lado a lado
É calma e paz e fado
É estar presente se ausente
É beber as palavras de igual nascente

Amor é ouvir juntos o som do silêncio
É dormir aninhados e abraçados
É respirar o memo aroma
É dar as mãos mesmo cansados

Amor é ser feliz com pouco
É sofrer com a dor do outro
É sorrir e viver
É não viver se o outro morrer!


By Fernanda Paixão

2010-06-25

terça-feira, 22 de junho de 2010

Soldado




Tu idiota
Porque lutas?
Tu que partes e deixas o teu mundo vazio
Diz-me o que levas para além do bafio?
Bafio dos corações que sangram ao ver-te partir
Ao ver que a guerra lhes tolhe o sorrir!
Tu idiota
Porque lutas?
Levas na alma o sonho de alguém.
Já te perguntaste se será por desdém?
Qual o motivo que te impele a partir?
Que trarás de volta sem ser o cumprir?
O cumprir de um dever que alguém te diz ter
Que te diz que lutes
Que manches de sangue
As terras e as mãos
Que deixes para trás a dor e a aflição!
Tu idiota
Porque lutas?
Deitas por terra o fio de esperança
Aquela temperança que em tempos tiveste
Aquela bonança
Num sorrir de criança!
Tu idiota
Porque lutas?
De que te serve lutar
De que te serve matar?
De que te serve o pesar
Dos que como os teus apenas querem amar?
Tu idiota
Porque lutas?
As tuas botas pesadas
Pisam o chão já manchado
De sangue, lágrimas e dor
Pisam o chão que ignoras
E te disseram ser um horror!
Tu idiota
Porque lutas?
O que julgas ser o poder?
O que julgas ser a guerra?
O que sentes quando apagas a vida que te implora viver?
O que sentes quando vês o ultimo fio da vida nos olhos de uma criança?
Tu idiota
Porque lutas?
Quem te ensinou a não questionar?
Quem te ensinou a ausência de Dar?
A guerra é mais importante que Amar?
Tu idiota
Porque lutas?
Tu que pegas sem sentido
Numa arma ou num vestido
Que te esforças por estar
Numa vida que vai faltar
Quem te ensinou a lutar?
Tu idiota
Ainda vives?


By Fernanda Paixão
2010-06-16

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Rever-me em ti



Bebo do ar as palavras que preferes calar
Traço a pincel linhas coloridas que me fazem sonhar
Piso a calçada com pés doridos de te procurar
Aperto os olhos para não chorar.
Chegaste por fim etéreo deleito
Beijaste os meus lábios
Encostaste-me ao peito
Sonhei-te desperto abraçado a mim
Sonhei-te num sonho sem fim
Senti o calor do teu olhar
Dormi no silêncio de te afagar
Olhei pela vidraça a lua a brilhar
A tua presença me fez sossegar
Revejo os teus lábios
E o teu respirar
Descanso em ti o meu olhar.

Mitigo a dor ao rever-me em ti!

By Fernanda Paixão
2010-06-21

Sol em Mim


Vou murmurar ao vento
Palavras loucas
Para que se percam por aí.
Vou Libertar o meu pensamento
Cortar-lhe as amarras
Para que flutue e se evapore entre nós.
Vou soltar o meu corpo,
Entrega-lo na frescura do mar
Para que se consuma no seu embalar.
Vou rebolar-me na areia e camuflar-me
De dourado e mel
Para confundir-me com uma tela pintada a pastel
Vou deitar-me num campo de papoilas
Rebolar em margaridas
Perfumar-me com jasmim
E ficar a aguardar que o Sol se lembre de mim.

By Fernanda Paixão
2010-06-21