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quinta-feira, 30 de março de 2017

No forro do casaco





Escrevo palavras no forro do casaco
E escondo sonhos na algibeira
Corro
Refugio-me
Caminho na rua deserta cheia de gente
Cruzo-me contigo
Os olhos que se olham perscrutam segredos
Nem, tu nem eu nos detemos
Não detemos os corpos, nem os olhares
Apenas o roçar das mãos perpetuam o pensamento
Até um amanhã
Um nevoeiro do quiçá ou uma quimera que o tempo talhará.
Os passos percorrem como sempre o curso da vida
As palavras continuam presas no forro do casaco
Os sonhos guardados na algibeira.
E mesmo que me rasguem o forro do casaco
Nele resistirão as palavras presas com linhas de alinhavar
Sem nós, em ponto corrido para que as possa salvar

Fernanda Paixão

2017 03 29

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