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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Que me atropelo





Sei que me atropelo
Nos atropelos da vida,
Nos desígnios soprados ao meu passar;
Nos passos incertos para aonde não penso ou não quero chegar;
Sei que me atropelo
No manto com que guardo o meu sofrer
Na chave com que encerro o meu sentir
No leito em choro os meus prantos
Nos sorrisos que os outros não sabem sorrir
Sei que me atropelo
Nas escolhas que faço,
Nas entregas aos outros
Na abundância em mim;
E ainda assim,
Neste caminho em que me atropelo
Neste flagelo em que me aquartelo
Hospedo a vida em amor singelo.

By Fernanda Paixão

01-09-2011

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Gostava de ti,




Gostava de ti,
Sem mácula, justa
qual folha de papel em branco
À espera das palavras de leitura frugal.
Gostava de ti,
Quando ainda madrugada,
o sol tocava no alvo lençol que acolhia o sono
Inundando o espaço de luz ténue que permitia sonhar
Gostava de ti
Sem razão, num ímpeto
Do som, da sombra, do cheiro;
Sempre que o espelho te devolvia sem forma.
Tu singela figura indiferente
A quem os sonhos permitiam lutar
Eras tu,
de quem eu gostava de gostar.

20/10/2015
Fernanda Paixão