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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Leve



LEVE

Leve é o fardo de quem não sente os demais,
de quem olha sem ver
de quem não pretende saber;
Leve é o fardo de quem fere sem culpa,
de quem destrói por prazer,
de quem nada tem a temer.
Leve é o fardo de quem nunca possou fome,
de quem nunca teve medo da morte;
de quem não tem a má sorte.
Leve é o fardo de quem não tem consciência,
De quem não sofre indigência,
de quem perdeu a inocência;

É este o teu fado?

22/12/2016

Fernanda Paixão

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Apogeus




Guardo as palavras que me sobram.
A hora é mais bela no silêncio do olhar
Sinto o calor que o teu corpo emana
E respiro a custo o ar que me queima no arfar

Os meus dedos que procuram os teus,
No espaço vazio em que a procura se perde
Tocam na pele quente dos que procuram os meus
E deixo que a suave caricia da tua mão me herde

Os meus lábios sobem ao encontro dos teus
E no vórtice do toque quente e sem fim
Perdemos o tempo nestes apogeus
Em que selamos a vida em macio carmim

 Fernanda Paixão
01/07/2016


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Entende os teus lábios, sorri




Um amigo nunca te trai,
não fecha a porta e sai.
Estará sempre ao teu “lado”
Conhecendo todo o teu fado


Um amigo sabe dos teus defeitos
E enaltece todos os teus feitos,
Conhecerá as tuas melancolias
Saboreando todas as tuas alegrias.

Um amigo percebe as tuas fragilidades
Ampliando as tuas qualidades
Ele estará contigo se o mundo desabar
Ajudando-te se tiveres que recomeçar.

Um amigo diz-te a verdade
Usando de frontalidade
Mas se de ti ouvir desdizer
Não hesita impedir de acontecer

Um amigo ri contigo,
Rir de ti será castigo
Ele olha por ti,
Entende os teus lábios, sorri

24/05/2016
Fernanda Paixão

domingo, 8 de maio de 2016

Corre-me a água debaixo dos pés



Corre-me a água debaixo dos pés,
Pardacenta, quase barro
Agitada e barulhenta, imparável; virulenta.
Carrega restos de bocas abertas,
De ócio de mentes desertas
De palavras feitas fel, falsidades cobertas de mel.
Corre-me a água debaixo dos pés
Torrente que me arranca a pele,
Deixo que corra.
Que siga por onde quer ir,
Que me fira, se tiver que ferir.
Já não bracejo.
Não luto com fé,
Tento apenas manter-me de pé.
E se a maré tiver que subir,
Resta-me a ela não sucumbir.
Corre-me a água debaixo dos pés
Leva com ela a fúria das gentes
Transporta no leito, de sulco profundo
As mãos agitadas do ímpio do mundo
Corre-me a água debaixo dos pés
Vai cega e sedenta pro seu arraial
Arrasta com ela os corpos do mal
Ceifando as vidas de gente inocente
Por puro deleite, é-lhe indiferente!  
Corre-me a água debaixo dos pés
Carrega com ela o vinho da ira
O sangue dos corpos que o falso carpira
Corre-me a água debaixo dos pés,
Deixo que corra e que me fira
Resisto à maré que as pedras revira
Corre-me a água debaixo dos pés


Fernanda Paixão

07/05/2016

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Morremos porque sim



Às vezes morremos porque sim.
Outras vezes morremos sem querer.
E há aquelas vezes em que nos matam
Porque nos fazem doer.
A dor que doí não é a dor de morte.
A dor que doí é a dor da fraca sorte,
a dor de lentamente morrer,
de sempre dar e nada receber.
A dor que doí é a premeditação da morte infundada,
da vida incompleta pela maldade ceifada
É a dor da injustiça e das vozes caladas
É a dor que se gera nas costas voltadas
A dor que dói é da ausência de carinho
A dor que doí, doí devagarinho
Às vezes morremos porque sim.
Outras vezes morremos sem querer.
E há aquelas vezes em que nos matam
Porque nos fazem doer.




Fernanda Paixão

30/Abril/2016

domingo, 1 de maio de 2016

Para Ti Mãe





Habita em mim parte de ti
Parte do que cresceste no meu eu
Parte do que foste e do que serás
do que me deste e do que me darás.

Habitas nos meus sorrisos e nas minhas lágrimas
No meu medo e nas minhas fráguas
Habitas no sangue que me corre nas veias
E nos sonhos que às vezes permeias.

E no regaço, que um dia foi meu
Perdura o amor que foi sempre teu.

E os afagos que ainda me dás
E os beijos, ainda que distantes
Sufragam um Amor maior que o de antes.

No teu olhar às vezes tão triste
Encontro o amor que a tudo resiste.

MÃE, habita em mim parte de ti
Parte do que foste, do que és por mim.

Fernanda Paixão
01/05/2016


quarta-feira, 23 de março de 2016

Não sou nada



Não sou nada,
qual mortalha de carne
talhada em rigor.
Não sou nada,
mera sombra
que percorre a calçada
no enlaço do passo que imprimo a compasso!
Não sou nada,
qual enredo de fios
que se tecem ao carpir,
Não sou nada,
qual fluido meloso
de cor escarlate que me insiste residir
Não sou nada, além do sentir.
Não sou nada, além do sorrir.

Fernanda Paixão

23/03/2016 

terça-feira, 8 de março de 2016

Mulher 16





Mulher é Ser maior que o cansaço
É Ser capaz de crescer a cada fracasso
É não caber no corpo curvilíneo, contraído à doçura e ao regaço;
Mulher é:
Romã nos lábios,
Seda nas mãos,
E vida no ventre.
É um dormir alternado na inconstância do presente.
Mulher é cheiro a alfazema da pele acabada de lavar;
É sorriso franco com vontade de chorar.
Mulher é o afago que necessita ser afagado;
É o Amor que necessita ser Amado.

Fernanda Paixão
08/03/2016


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Que me atropelo





Sei que me atropelo
Nos atropelos da vida,
Nos desígnios soprados ao meu passar;
Nos passos incertos para aonde não penso ou não quero chegar;
Sei que me atropelo
No manto com que guardo o meu sofrer
Na chave com que encerro o meu sentir
No leito em choro os meus prantos
Nos sorrisos que os outros não sabem sorrir
Sei que me atropelo
Nas escolhas que faço,
Nas entregas aos outros
Na abundância em mim;
E ainda assim,
Neste caminho em que me atropelo
Neste flagelo em que me aquartelo
Hospedo a vida em amor singelo.

By Fernanda Paixão

01-09-2011

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Gostava de ti,




Gostava de ti,
Sem mácula, justa
qual folha de papel em branco
À espera das palavras de leitura frugal.
Gostava de ti,
Quando ainda madrugada,
o sol tocava no alvo lençol que acolhia o sono
Inundando o espaço de luz ténue que permitia sonhar
Gostava de ti
Sem razão, num ímpeto
Do som, da sombra, do cheiro;
Sempre que o espelho te devolvia sem forma.
Tu singela figura indiferente
A quem os sonhos permitiam lutar
Eras tu,
de quem eu gostava de gostar.

20/10/2015
Fernanda Paixão


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Promessas insípidas



Na incerteza do amanhã … a dúvida de se o hoje existiu.
Dia distante, longínquas palavras que a memória fez questão de apagar.
Onde és?
Percorro o horizonte e vejo apenas sombras.
Disse-te que ia!
Bastava o assombro da dúvida na curva da espera.
Não te vejo.
Partiste ou ceguei?
Fiz tantos desenhos contigo.
Imaginei cada dia expectante

Quem és tu farol de promessas insípidas?
Quis ser. Pensar-te, qual flor de pétalas coloridas ou rio de água fria.
Escrevi nos caminhos, tantas vezes doridos, com mãos guerreiras da verdade
As palavras loucas da justiça e da igualdade.
E a cada inquietação, a dor por dor que era tua também
Tolha-me os sonhos e,
Descrente,
caminho incerta no pesar que a tua boca aperta



Fernanda Paixão
28/04/2014


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Obrigado






Obrigado a vós que me destes a vida
E me ensinaste a voar;
Obrigada a ti que és metade de mim
E me ensinaste a partilhar;
Obrigado a ti que caminhas comigo
E me ensinaste a amar;
Obrigado a ti que és tudo o que sou
E me ensinaste a abnegar;
Obrigado a ti que és um porto de abrigo
E me ensinaste a afeição;
Obrigado a ti que és o oposto de mim
E me ensinaste a aceitar;
E obrigado a ti és só falsidade
E me ensinaste a maldade;

11/10/2016
Fernanda Paixão

Natal