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sábado, 31 de janeiro de 2015

Predicado






Já não me inquieta a voz dos outros,
E os olhares que se incendeiam não me agitam,
Já não me sangram as ilusões,
São passeios celestes, diapasões;
Num compasso arritmado,
Já não ouço o badalo do sino adestrado,
As falácias, as grilhetas, o falso fado,
A cadência amorfa de quem passa ao meu lado
Não reduzo a vida a um predicado!


Fernanda Paixão

30/01/2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Foi quase tudo por ti




Foi quase tudo por ti
Os sorrisos tímidos, as sonoras gargalhadas
As lágrimas e os soluços
As folhas em branco
O caminhar sem destino à procura de destino nenhum…
Foi quase tudo por ti
Foi por ti que a minha noite se fez dia
E as estrelas ainda brilham no céu.
Foi por ti que os caminhos cravados de espinhos
Se transformam em suaves nuvens de algodão
Foi por ti que se acenderam os rubores nas faces
E se morderam os lábios em sangue
Foi por ti que a vida se fez incontida
E que a prolongo fora de mim
Foi quase tudo por ti

Fernanda Paixão
2015/01/17

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Toco em ti



Toco em ti

Toco em ti,
Suave, docemente
De modo que a brisa lasciva cobice o toque que em ti passeio
Percorro os meus dedos nas curvas marcadas dos lábios que já te beijei
E deixo a marca a Báton que nunca tirei.
Mergulho os dedos no cabelo que encosta ao meu ombro
E arrebato o olhar que me olha e em que me assombro
E nos dedos sedentos que entrelaçamos
Fiamos os sonhos que ainda sonhamos
E, com a pele desnuda que em afectos tocamos,

Beijamos os lábios que em silêncio amamos.

Fernanda Paixão
2014.12.10