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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Maqueta Imperfeita





Apenas te posso dar o que sou,
Quiçá maqueta imperfeita
De uma obra por terminar,
Um livro de folhas cosidas
Com paginas por desvendar

Mas o barro de que sou feita,
Sem molde, forma ou padrão
Adapta-se de forma perfeita
À forma da tua mão.

E quando eu quiser abater
De dor, tristeza ou viver,
Ou se a cor do meu halo esbater
Sê de novo o meu escultor
Dá-me a forma do amor.

Fernanda Paixão
01/12/2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Céu Azul



Peguei num pincel
Que mergulhei na cor azul.
Quisera pintar o céu que,
colhido em tons de cinza,
escondera o teu o sul!
Subi a uma nuvem que equilibrei na ponta da escada.
E deste equilíbrio resultou? Nada!
O céu que era teu fugiu-me da cor
Chorou-me a água de tua dor
E assim, como que por magia,
Olhando pró chão alagado, incolor
Vi o teu céu, de olhar opressor.
Peguei no pincel, ainda com cor,
E sem perder tempo, nem só um momento
cheguei ao teu céu
que agora era meu
Pintei-o de azul …fruído apogeu

Fernanda Paixão

22/10/2015

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Onde estás tu omnipresente?





Triste,
de uma tristeza profunda
Daquelas que nos arrancam as entranhas e nos queimam a alma.
Daquelas tristezas que cavam valados dentro de nós
Que nos arrancam o coração com a mão cheia,
Oh vai-te embora bruxuleia
Triste,
De uma tristeza que corcunda,
Que nos põe na lama de tanto pesar
Que nos tira o folego de tanto chorar
Que nos grita a dor ao debelar….
Oh vai-te embora bruxuleia
Triste,
De uma tristeza infinita
Daquelas que nos amarram as mãos e nos roubam certezas
Daquelas tristezas que explodem o mundo expondo
Que nos marcam com ferros as suas cruezas
Oh vai-te embora bruxuleia
Triste,
Cansada,
Descrente
Onde estás tu omnipresente?
Oh vai-te embora bruxuleia
Fernanda Paixão

23/10/2015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Vida












Vida

Deixa que a vida corra,
livre, solta, fora do leito
e que transborde
e fecunde os campos
que te circundam,
que encha as tuas mãos
de simples nadas feitos da luz da lua
e que te pinte papoilas nas faces.
Deixa que a vida te banhe,
que te fecunde de borboletas
 e te desenhe sois de inverno nos pés.
Deixa que a vida te dance numa valsa em tons de azul
e te borde botões de rosa nos dedos das mãos.
Deixa que a vida te sobre,
que perdure e te transcenda
Deixa que a vida te surpreenda
e ri
e chora
e espera-a a cada hora

Fernanda Paixão

06/10/2015

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Gente Inocente






De todas as palavras do mundo

As caladas dentro do peito

Juntas, fechadas em conceito

Contristem sem qualquer preceito.

E a orada explícita e eminente

Liberta, vera, independente

De nada serve o eloquente

Visado pela boca malevolente.

O povo, ávido e maledicente

Desprovido de capacidade discernente

Toma partido perfidamente

Dos que lhe servirão a corrente.

E se a rua se lava de gente

Desnuda, só, aparente

Logo aparece quem porta

Na mão uma lança pungente

Que em laçada, nó ou pendente

Se agita e lança frivolamente

Sem fé, crença ou promitente

Sangrando a carne inocente.



Fernanda Paixão 

15/09/2015

domingo, 26 de julho de 2015

Não sei




Não sei se em mim se alberga
a tinta que escreve as palavras
que a coragem requer.
Nem sei se a minha voz vibrará
os acordes que a ousadia reclama.
Mas sei,
que ressoando nas cordas distendidas,
em silêncio,
murmura um sentimento intenso, capaz;
um arrebatar de alma
de lutas intrínsecas, inconformadas,
uma súplica firmeza de tudo mudar
uma imprudência infantil
de apenas acreditar
a utopia  de que vale a pena lutar
de que é bom sonhar

Fernanda Paixão

06-07-2015

sábado, 18 de julho de 2015

Seda





A seda que molda o corpo
que jaz tombado no chão
feito de rude granito
picado por mãos calejadas,
gastas do escopro de ferro e da vida,
é suave, é fresca, é limpa.
E o corpo que, desnudo,
Se abandona
ao peso do ser e da seda,
à inercia, em urgência, de estar
ondula ao toque da seda urdida
e ao prazer do ócio e da entrega.
Nem a força da queda
nem o pisar cego, indigente
dos infiéis às leis do Amor
rasgam os finos fios entrelaçados
quais veias pulsantes,
ou mãos ofegantes
dos amantes apaixonados.

Fernanda Paixão
16/07/2015




quinta-feira, 4 de junho de 2015

Conta-me Histórias



Conta-me Histórias

Conta-me histórias
Que me façam sonhar
Histórias com história
Em tom de embalar
Conta-me histórias de contos de fadas
Histórias bem leves com letras desenhadas
Conta-me histórias escritas no ar
Histórias passadas que me impeçam de chorar
Conta-me histórias que sejam só nossas
Envoltas em linho e que no corpo me esboças
Conta-me histórias bordadas de Amor
Que me beijem os olhos e apaziguem a dor
Sussurra as palavras e as pausas do texto
Prolonga a vogal sem qualquer pretexto
Conta-me histórias fora do contexto

14/05/2015

Fernanda Paixão

sábado, 25 de abril de 2015

Cansaço





Cansada,
É imenso este cansaço
que me pesa o corpo e me carrega a alma;
É imenso este cansaço que me toma no seu braço;
Sou cansada,
Cansada de tudo e de quase nada,
Cansada do mundo em desfolhada
Cansada de gente empoeirada
Cansada da vida sarrabulhada
Estou cansada de tanto querer e de não querer nada,
Estou apenas cansada.
Estou cansada por acreditar na mudança,
num mundo de verdade e de confiança,
num mundo de iguais, de justiça e de temperança,
Estou cansada!
E a eles, a quem tudo é indiferente,
Seja, ou não seja, gente,
Mentira ou falsidade indolente
Aditam o cansaço emergente
Palavra e acto imprudente,
Porque lhes é conveniente;
Estou cansada
Quero apenas ser feliz
Porque a felicidade descansa;
Descansa a alma ainda aprendiz.

Fernanda Paixão

25/04/2015