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domingo, 21 de dezembro de 2014

Natal 2014





Ficam saudades daquilo que foi
Errando na espera do frio da lua
Lanternas acesas no canto da alma
Incendeiam dilemas de sabor melíflua
Zénite de afectos

Nascidos em dor
Anseiam carinho ou um sopro de Amor
Trajando andrajos
Agastados pela vida, transportam no olhar
Laivos do seu desfolhar

Fernanda Paixão,17-12-2014


“Fé é dar o primeiro passo, mesmo quando não se vê a escada toda, Martin Luther King!”

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Fio do enredo











No fio, feito de luz,
Rasgão do nero das sombras,
Adeja o puníceo das folhas
Cambiante que escraviza e seduz

Tombadas no chão de verniz,
Tapiz de seda e veludo,
Brotam ecos da passagem
Num caminho que se desdiz

E, no prazo

Dos cardos que povoam o alento,
Das pétalas arquejadas pelo vento,
Ficam as pedras feitas caminho
E desvelos de um sonhar torvelinho

Puxado o fio do enredo
Olhando o fim do percurso
Sobejam anseios mundanos  
De mudos gritos ufanos


Fernanda Paixão

2-9-2014

domingo, 5 de outubro de 2014

Conter-te no peito!







Levo-te na palma da mão,
Fechado com medo que quebres e sofras dos males do mundo!
Levo-te fechado, aninhado mas sempre tangível e,
De quando em vez, quando te tocam com a ponta do dedo e
Te mostram um doce sorriso
Amotinas-te, pululas acelerado, descompassado
E é impossível conter-te,
Sais, passeias-te alegre como se atravessasses campos dourados semeados de trigo
Ou dançasses em verdes prados os sob azuis mais intensos.
E fluis, e rebolas pelas colinas, e banhas-te em riachos de água fria e, sorris … és feliz.
És simplesmente, feliz.
Pouco te importa o contratempo, a chuva, o trovão o mau tempo …. És feliz!
Mas quando te feres e sangras
Nas pedras que a vida semeia
Recolhes nas mãos que te cuidam, as mãos que te sanam a ferida,
Que te afagam e te aquecem e te servem de ermida
Que te embalam até à próxima partida.
É impossível conter-te no peito!


Fernanda Paixão
05/10/2014



sábado, 27 de setembro de 2014

Erva daninha





Náufraga fora de norte
entre hemisférios perdidos,
Cambiantes de uma só cor das marcas dos corpos feridos.
Da chaga aberta pelas lanças
Tecidas de letras surdinas
Brota a seiva do corpo arrastado, descrente por vozes assassinas
Arremessadas por fracos, pardos poltrões
As sementes das ervas daninhas,
Escondem o cadáver tombado,
Corroído por cambiantes mesquinhas.


By Fernanda Paixão

27-09-2014


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Sobra Pouco



 
 

Sobra pouco, tão pouco.

Talvez um punhado de grãos de areia

que atiro à pedra

do muro que me refreia.

 

Sobra pouco, tão pouco!

 

E a vida que é uma linha redonda,

Uma oscilação que nos embala,

Ou que é mar que no retorno da onda,

nos suspende e intervala

 

Salpica de sal cada braçada

Alimentando o corpo que na encruzilhada

Aprisiona a vontade que se encalha

E de carne se amortalha

 

A vida, qual linha redonda

Duas pontas soltas, sem nó

Um novelo enrolado em sim mesmo

Um mundo de gente, junta, tão só.

 

A vida é uma malha que se escapa

É uma gota de chuva na curva da face

É uma vírgula da frase da contracapa

É o prólogo antes do desenlace

 

E Sobre pouco, tão pouco

Memórias de gente viva, talvez.

 

Fernanda Paixão

20140428

terça-feira, 25 de março de 2014

Sem Ti




Sem ti o dia é mais longo

E na noite tingida de negro

Debandam as estrelas do céu

Deixando-me no olhar a bruma de um véu


Sem ti o meu andar é tardio

Arrastando as correntes da ausência

Enraizando os pés na calçada

Na qual estremo a minha carência

 

Sem ti sou mão caída, á espera,

De braços lançados, em chamas

 Um colo inóspito que exaspera

 De um corpo informe, Quimera


Sem ti sou pouco mais que um vazio,

 Uma tela sem tinta nem cor

 Um mar à espera de sal

 Uma parede à espera de cal

 

Fernanda Paixão

25-03-2014

terça-feira, 18 de março de 2014

ALMA DESASSOSSEGADA


 
 
Minha alma desassossegada
Quase se entrega,
Quase desiste por estar fatigada.
Quase acredita não valer nada.
Encosta-se ao ombro ou fica inquieta
Medita no mundo que já não desperta
Minha alma desassossegada
Fica atenta, mantem-te acordada
A luta que travas não é desejada
Minha alma desassossegada
Sente-se só, abalroada
Descrente do mundo de gente assombrada
Gente sem sonhos, nação ofuscada
Minha Alma desassossegada
Poente da luta por se libertar
Um dia virá em que poderás voar.
 
 
06/10/2013
By Fernanda Paixão

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Singelezas


 
Trespassei o umbral;
mergulhando no escuro da sala.
As pesadas portadas cortavam a luz
de um dia que deixava lá fora.
Do vazio da sala,
das paredes singelas,
assomava um respirar pausado por suspiros.
No caminho perdera indiferenças, sonhos e crenças,
Despira-me de mim.
E, assim, desnuda,
num passo vacilante, dividi a tua mão …
aceitamos a vida que nos saúda.

 

Fernanda Paixão

03-02-2014

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Olhar

 
 

 

 
Quando o tempo
torneia as horas,
em espirais de leve fumo,
sobram os sonhos e as perguntas no ar;
sobram as quimeras em desaprumo.
Quando o sonho,
em constante pulsar,
pinta aguarelas com a espuma do mar;
cingem-se ideais num simples olhar.

 

Fernanda Paixão

02/02/2014

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Quero Amar-te




 
Quero Amar-te
Quero Amar-te,
A vida pende de um fio
Qual teia de aranha rasgada na fúria da presa;
Quero Amar-te,
A água agitada das palavras
Compõe aforismos da vida que vivemos;
Quero Amar-te
O eco do trovão
Ressoa nas paredes caiadas a dois;
Quero Amar-te
Sentir que a noite acaba a cada alvorada
Quero Amar-te,
Sem pressa, rasgando o pó dos caminhos
Deixando que o tempo nos charrue a pele e nos crave espinhos
Quero Amar-te
Na manhã soalheira ou sob o pó do luar
Caminhando a teu lado num simples partilhar
 
Fernanda Paixão
27-01-2014