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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Descobridores






Fica,
As paredes já estão despidas,
No chão apenas brinca o pó das nossas passadas
E os copos, vazios, ainda mostram as tuas mãos que neles ficaram marcadas.
Fica,
O teu perfume ainda perdura nas almofadas,
O vazio de ti detém-me, inerte, aquém das barricadas
E as palavras ecoam em cada recanto das almas, que sós, ficaram maceradas.
Fica,
Regaremos cada pétala das rosas que secaram
Com as lágrimas que pelas nossas faces rolaram,
Dançaremos sobre os fogos que os nossos corpos, em uníssono, geraram
Fica,
Selaremos os segredos com os beijos ausentes de medos,
Brindaremos nossos corpos a todos os desassossegos,
Soltaremos os suspiros que a idade nos deixou em desenredos
Fica,
Falaremos pecados ficando abraçados
Seremos escultores trocando amores
Seremos em nós, descobridores
Fica.

Fernanda Paixão
2013-04-24


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Procurei o Chão







Procurei o chão
que os olhos não viam
qual falácia de um tempo,
perpétuo, imortal,
uma lança tingida
de um uivo fatal.
Procurei o chão
de pedras cinzentas
despegado, infinito
com vidas suspensas.
Procurei o chão
de correntes liberto,
um trilho que fosse,
um passo inquieto.
Transpus o limite que
o bom senso talhava,
uma linha invisível
que o desejo retalhava.
Procurei um chão
Livre de clausura
sem passos impressos
orlado em candura.
Libertei-me do pó
pelas passadas içado
lancei-me no vento
sem destino traçado.
Qual folha cadente
desprendida, sem pé,
flutuo ou caio
Num eterno ensaio


Fernanda Paixão
2013-04-16


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Existes tu





Existes Tu

Além da terra existes tu
Que me amparas e me impedes de sobre ela tombar
Além do Sol existes tu
Que me proteges quando a dor insiste em me queimar
Além da noite existes tu
Que afastas os meus medos e me fazes acreditar
Além da chuva existes tu
Que fecundas os meus dias com o teu jeito de Amar
E existes tu além de mim,
Além da mão que me dedicas
Do teu ombro em que sereno
Do teu ser que me engreno
Da tua alma no meu eu
De querer-te, de amar-te
de morrer em ti,
Apogeu

Fernanda Paixão
2013-04-08

domingo, 7 de abril de 2013

Velo por ti






Enquanto dormes,
em alvos lençóis perfumados com
flores acabadas de colher;
ou sonhas,
utopias despidas
de criança acabada de nascer.
Enquanto vacilas,
no agitar de pupilas
ocultas sob pálpebras insondáveis
que insistem apenas oscilar
ou te cativas
em alento ritmado de quietude,
afagado pelo sopro singular da vida.
Enquanto cogitas,
em sigilo,
nesse corpo entregue à placidez do sono …
Velo por ti

31-03-13
Fernanda Paixão