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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Brilhos e Luzes





Abraça-me,
Que faz tanto frio,
Parece que está a nevar!
Põe a tua mão na minha …
Ajuda-me a caminhar!

Os meus passos incertos,
são torpes e de gente “pequena”,
de quem mal sabe contar.
Perdi a noção do tempo,
Já não sei se sei orar.
Tinha fome e tanta sede
… o tempo fez-me sarar,
ficou o frio da noite
teimando em pernoitar.
Tenho olhos de olhar triste,
com o vítreo macilento;
mãos tementes no escuro,
presas na vida em que me acorrento.

Lá dentro há brilhos e luz,
Há cheiros e risos no ar.
Há caminhos já percorridos
Ou mistérios por desvendar.
Junto à madeira a crepitar
Há papéis e laços de enfeite,
Há umas mãos cheias, sem nada e
Outras com afagos para dar.

Se me vires, sumiço na Rua,
sozinho e a naufragar,
Ou deitado nas pedras do chão
Atreve-te, dá-me um sorriso,
Acalenta-me o coração.

Fernanda Paixão

2013 -12-17

sábado, 16 de novembro de 2013

Um Poema Visual - Uma Janela Sobre as Janelas de Viseu




Sabes




Sabes a sal e a mar
E a margaridas do campo;
E à chuva e ao vento
E ao clamor do meu desalento
Sabes a céu e a maresia
E ao sabor da alegria;
E aos lábios que te beijo
E ao carinho que desejo.
Sabes a paz e a turbulência
E ao calor da tua essência.
Sabes que te quero a meu lado
Para ser o teu pecado.
Sabes que sim
Sabes que és tudo para mim

2013-10-30

By Fernanda Paixão

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Há palavras



Há palavras que se calam
que se guardam com tremor
ou se vivem em horror.

Há palavras que indizíveis
Só(s) no silêncio se gritam
E, ainda assim, sufocam
porquanto, coladas ao céu-da-boca,
crepitam em vontades
que se enrolam em sangue quente
numa vontade, tão, urgente.

Há palavras levianas,
provindas das vidas de vazias
de quem não sentindo alegrias,
ceifam o alento diferente
quais ociosas alforrias
ofuscando os olhos alheios de pranto
tais as lucernas de desencanto

Há palavras que se calam
Que se guardam com tremor
Ou se vivem em horror.

Há palavras sem sabor!

2013-10-30
By Fernanda Paixão


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os Instalados e os Outsider







A organização da sociedade assenta no grupo e o estabelecimento dos grupos assenta em vontades e objectivos que lhes são, ao grupo, transversais.


A formação do grupo, dos “Estabelecidos”, assenta na obtenção e, ou, detenção do poder e na protecção de interesses comuns.


A coesão do grupo é tanto maior quanto maior for o poder e o aporte de cada membro para instalação ou protecção desse mesmo poder. Os líderes dos “Estabelecidos” são proclamados entre os membros detentores do maior poder. São tanto mais venerados quanto maior for o contributo para o grupo e para as praticas comuns.


A união do grupo é mantida pelo processo de estigmatização, humilhação e difamação dos denominados “outsiders” e é alimentado por uma barreira afectiva que impossibilita a aproximação, o conhecimento e gera o preconceito.


As tentativas de aproximação dos elementos do grupo com os “outsiders” são entendidas como desonra, fraqueza, deslealdade.


A calúnia, a difamação e a marginalização que o grupo dedica aos outsiders constitui um dos pilares da sua existência e da sua coesão. Os temas “grupais” passam, invariavelmente, pela ridicularização dos outsider, pela sua diminuição, seja ela física, psicológica, familiar, religiosa, politica ou de opção sexual.


As práticas do grupo perante os outsiders assemelham-se a práticas tribais de perseguição e caça ou de marcação de poder e território.


Os instalados adoptam o mecanismo de angariação de membros, através dos referidos mecanismos de calúnia, garantindo a manutenção do estatuto e aumento de poder.


O grupo (os “instalados”) não vive sem alvos, sem outsiders em quem vazar o escárnio. Por norma o grupo "adopta" um, dois ou três outsiders que lhe sejam próximos como alvo das investidas e escarneia de todos os outsideres que puder.


As reuniões dos instalados são, quase sempre, atravessadas por temas relacionadas com os outsiders, constituindo gáudio dos congéneres toda a devassa e achincalhamento destes.


As repercussões das atitudes repetitivas do grupo sobre os outsiders conduzem à marginalização e ao sofrimento solitário gerando, muitas vezes, atitudes radicalizadas, como forma de defesa e de escape, ou mesmo à degradação do "outsider".


A necessidade de ser “Incluso” leva à adesão de novos membros ao grupo e à adopção da mesma "moral".



F.E.P
16/10/2013

domingo, 6 de outubro de 2013

De Ti



De ti

De ti nascem as lágrimas
Qual rio de água fria
Orlado de verde orvalhado
Com cheiro a terra e erva-doce
Mistura da tua alquimia
Rio levado nas mãos,
delicado,
lava as chagas de dor,
de Amor,
do pecado

De ti nasce a doçura
Feita do pó do teu abraço
Suave afecto, magia,
Bem-querer em que me desfaço.

05/10/2013

By Fernanda Paixão

sábado, 21 de setembro de 2013

Lobos




Na solidão das palavras
Definha-se.
São armas poucas nesta díspar batalha perdida.
Todos se escondem se a verdade se impõe;
São lobos.
Alcateias ávidas.
Cegos.
A luz que os ofusca incendeia.
O grito dos outros é-lhes surdo.
O espelho da vaidade impede-os de atentar
E, quais matilhas guiadas,
Caminham insensíveis às brasas que lhes ardem os pés.
Uivos salivantes, gulosos do poder perfilado no horizonte
Rasgam a carne dos nus, despojados nos degraus das escadas
E as paredes da injustiça nunca serão derrubadas.


By Fernanda Paixão

2013/09/17

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Este Arroio




Corre lento este arroio
Sem premência ou euforia
Leva vontade, sentimento
Outra cousa que água fria

Roça o dique e o transpõe
Sem que lhe impeça o destino
Corre lento este arroio
Num discorrer cristalino

Sulca fundo no seu leito
Sem entrevir qualquer fado
Corre lento este arroio
Contínua inconformado

By Fernanda Paixão
11/09/2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Quando tudo Acaba





Quando tudo Acaba

Quando tudo acaba …
Fica o vazio,
O pó que insiste em bailar,
O olhar no infinito a quer repousar
O raio de sol que parece queimar!
Ficam as notas tocadas em ré,
Os desejos caídos na margem, sem fé.
Fica o passado gravado na mente,
A lembrança que nos deixa dormente!
Quando tudo acaba …
Fica uma névoa desfiada nos olhos
Pântanos sombrios de tristeza em molhos.
Fica um deserto de ausência infinita
Um sonho rendido ou um corpo que gravita.
Ficam verdades daquilo que foi
As dedadas na pele que, de dor, se corrói.
Ficam as palavras que não se disseram
Ficam sorrisos perdidos no ar
Ficam fantasmas a sobrevoar


By Fernanda Paixão
27-12-2011

segunda-feira, 17 de junho de 2013

UM BEIJO




Um beijo …
Um beijo, nunca é só.
Tem com ele tantas palavras.
Umas por dizer,
Tantas outras declaradas
E as desenhadas num pedaço de papel.
Um beijo …
Coisa simples, essa do beijo!
Ou anátema de emoções?
Um beijo, 
Aquele, simples, que se entrega por aí;
O galante, em desuso, suavizado nas costas da mão;
O que se atira soprado no ar e que alguém há-de apanhar;
O infantil, de baba e muco, e pura magia;
Um beijo …
Aquele, o primeiro, que será eterno;
O roubado ou dissimulado;
O que selou silêncios e tantos segredos;
O que desvendou mistérios e factos mais sérios;
O que foi transgressor e fez promessas de Amor …
Um beijo ….
Matéria complexa a simplicidade de um beijo.

Fernanda Paixão

14-06-2013

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Abraçados





Beijo teus olhos que dormem
E o teu corpo que neles se embala.
Toco ao de leve os teus dedos
E brinco na palma da tua mão.
Desenhos que faço, tão calmos,
Ficam-te marcados na pele.
Sussurro palavras e
Agitas o corpo esquecido,
Roças os alvos lençóis.
Vincos, mais vincos e pregas,
Rodas o corpo dormente,
E a tua alma aquiescente e  
A tua boca conivente
Entregam-se na procura de um beijo.
Descanso meus lábios nos teus,
Entrelaçamos os dedos da nervosos,
Aninho-me nos por teus braços, ainda Morfeus.
Lá fora nada se renova
Ninguém se altera e as horas avançam
e nós aqui embalados num doce torpor
Fingimos.
Fingimos que somos só nós …


By Fernanda Paixão

31-09-2011

terça-feira, 21 de maio de 2013

Mapear o teu Eu






Mapeio o teu rosto
E ensaio fruí-lo para sempre

Mapeio cada sinal,
Cada ruga vincada na pele
Cada mancha pintada a cinzel
Mapeio cada  sombra da ausência da luz
Os sulcos das lágrima a que te expus
Os teus olhos sinceros nos meus seminus
Mapeio o teu comungar,
o teu sorriso, o teu conversar
Mapeio os teus lábios que,
em silêncio me sabem falar.
De ti, guardarei a imagem perfeita
A doçura e a calma que me deleita
E do mapa de ti se guiará a minha alma imperfeita

Fernanda Paixão
20-05-2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Poema Matemático Rápido


Via-se apenas rabisco,
Pobre linha feita traço,
Que num número complexo
Derivou em ângulo convexo
Sem ser integral de função!
Ponto a ponto,
Sem reticências
Operando equivalências
Numa matriz de potências ou
Em somatório até n.
Adicionou-se ao maior
Intercetando o menor
Num conjunto sem parênteses
Ficou igual asterisco
Com ares de infinito expoente
Numa operação radical
De quem marca o referencial
No início ou no final.




Via-se apenas rabisco,
Pobre linha feita -,
Que num z = a + ib
d´ em AÔB < 180º
100 ser  ∫ f(x)!
.  a .
100 …
Operando ⇔(s)
Numa [x y] de n^y ou
Em ∑ até n.
+ ao >
⋂ o <
Num  {x,y} 100 ( )
Ficou = *
Com ares de oo  ^n
Numa operação√
De quem marca o (O,x,y,z)
No início ou no final.

Fernanda Paixão
2013-05-16



terça-feira, 14 de maio de 2013

Imagina





Imagina que te abro a janela,
Aquela de vidraças sujas que te impediam de sonhar!
Imagina o céu azul … o infinito azul que toca o mar.
Imagina-te leve, a voar.
Faz-me acreditar.
Podes dizer-me que sim, que me levas contigo,
Que me prendes o cabelo atrás da orelha,
Que me proteges do Sol e do reflexo que o espelha,
Que me ofertas água fresca e pintas me os dias de branco.
Imagina-me, além do flanco,
 a tua mão dada com a minha,
os teus lábios tangidos dos meus,
o tempo suspenso de nós.
Imagina!
Imagina que acordamos a sós.
Imagina um sorriso perdido no tempo,
viajante  a prazo  embalado no vento.
Imagina a janela com rosas floridas,
perfume no ar, quimeras supridas.
Imagina cor, a música, o alvor
Imagina a ternura do Amor.

Fernanda Paixão
2013-04-27



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Num recanto da Alma




Guardo num recanto da alma
Todas as palavras faladas,
E as que escolheste calar;
Guardo ainda os teus sorrisos,
 os afagos e o teu toque,
O calor do teu amor
E a lágrima que me comove.
Guardo a semente, já flor,
Que em mim soubeste plantar,
As imagens que me vivem
e as que me fizeste sonhar
Guardo de ti toda a bonança,
o ímpeto,
a força,
 a esperança.
O teu brincar, qual criança, e o teu modo de Amar.
Têm cheiro a alfazema ou a manhã, a despertar.
Laço-os com fios de lua, num ramo de benquerença
Salpico-o com a aura da vida que contigo se adensa.

Fernanda Paixão
2013-04-17

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Descobridores






Fica,
As paredes já estão despidas,
No chão apenas brinca o pó das nossas passadas
E os copos, vazios, ainda mostram as tuas mãos que neles ficaram marcadas.
Fica,
O teu perfume ainda perdura nas almofadas,
O vazio de ti detém-me, inerte, aquém das barricadas
E as palavras ecoam em cada recanto das almas, que sós, ficaram maceradas.
Fica,
Regaremos cada pétala das rosas que secaram
Com as lágrimas que pelas nossas faces rolaram,
Dançaremos sobre os fogos que os nossos corpos, em uníssono, geraram
Fica,
Selaremos os segredos com os beijos ausentes de medos,
Brindaremos nossos corpos a todos os desassossegos,
Soltaremos os suspiros que a idade nos deixou em desenredos
Fica,
Falaremos pecados ficando abraçados
Seremos escultores trocando amores
Seremos em nós, descobridores
Fica.

Fernanda Paixão
2013-04-24


quarta-feira, 17 de abril de 2013

Procurei o Chão







Procurei o chão
que os olhos não viam
qual falácia de um tempo,
perpétuo, imortal,
uma lança tingida
de um uivo fatal.
Procurei o chão
de pedras cinzentas
despegado, infinito
com vidas suspensas.
Procurei o chão
de correntes liberto,
um trilho que fosse,
um passo inquieto.
Transpus o limite que
o bom senso talhava,
uma linha invisível
que o desejo retalhava.
Procurei um chão
Livre de clausura
sem passos impressos
orlado em candura.
Libertei-me do pó
pelas passadas içado
lancei-me no vento
sem destino traçado.
Qual folha cadente
desprendida, sem pé,
flutuo ou caio
Num eterno ensaio


Fernanda Paixão
2013-04-16