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domingo, 29 de abril de 2012

Descobri-te


Descobri-te

Descobri-te,
desnuda, coberta com pó.
Deitada no chão,
enrolada, sem dó.
Talvez a idade te tenha tombado e
A minha indiferença te tenha calado.

Descobri-te,
esquecida, és-me indiferente
Na tua ausência tornei-me em crescente.

Descobri-te,
pequena, mirrada e em pranto
Trazias nos olhos o meu desencanto.

Descobri-te
Fechada e voltei a esconder-te
Não quis no seio voltar a acolher-te

Mágoa


Fernanda Paixão
20120218

quarta-feira, 25 de abril de 2012

LIBERDADE



Tenho pressa.
Deixem passar!
Persigo o tempo,
que não consigo parar.
Trago ilusões no regaço,
Na boca verdades que querem ser salvas.
Guardo sonhos que se acotovelam
Numa pressa de alvorecer.
Tenho palavras arrumadas
Pela ansia de viver.
Nas mãos tenho o trabalho
De uma vida a suceder.
Nos olhos cintilam as lágrimas,
 que o mundo há-de verter
Os gritos que o medo cala,
apenas me fazem sofrer.
Deixem passar
Que tenho pressa
Uma vida para viver
Na justiça e na verdade
Em respeito e dignidade
Haverá um dia LIBERDADE

Fernanda Paixão
25-04-2012






segunda-feira, 23 de abril de 2012

PADRÕES



Não me prendo nas palavras que,
Soltas, transporto agarradas ao peito!
Não me envolvo nos sentidos,
Nas metáforas ou nas hipérboles!
Não me meço no contexto e
Os padrões ficam aquém
Do alcance do vocábulo que liberto,
Qual papoila vermelha que se agita, porque sim.

By Fernanda Paixão
2011-06-06

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Há dias


Há dias em que a vontade é desistir,
Pender os braços e apenas existir.

Deixar que construam barragens
Que apliquem complexas ferragens
Que usem de muitas grilhetas
Deixar o destino às roletas.

Há dias só a olhar para o chão
A deixar de lutar, a apear da razão.
E a olhar para o lado e o mundo a cair,
O carácter humano a diminuir.

Há dias que são só mais um dia.
Em que imergir é a uma agonia
Em que Lutar pela verdade
É penhor de fatalidade

Há dia em que ao olhar para o lado
Nos sentimos sozinhos.
Poucos seguiram os nossos caminhos.

Há dias em que dói a verdade.
No mundo não há dignidade!
Os valores perderam-se e
As palavras do homem aquiesceram-se.

E então
Isolamo-nos
Deixamos de lutar
Deixamos que o mundo se veja afundar

Fernanda Paixão
2012-04-18

sábado, 14 de abril de 2012

Um Beijo



Nos teus braços,
que abertos me acolheram em leque e
me vestiram num doce aconchego,
me entreguei.
Meus olhos fechados,
encostados ao teu peito,
num silêncio quebrado pelo
bater ritmado do teu coração.
Tuas mãos,
fortes e quentes,
balouçavam no meu corpo
em melódicos compassos de amor.
O teu rosto,
que ao meu se colou,
sentiu a lagrima feliz que sobre ele deslizou.
E em silêncio os teus lábios encontraram os meus

By Fernanda Paixão
2011-12-09

terça-feira, 10 de abril de 2012

Cinzas




Caem as pétalas das flores
Que secas se despem da vida.
Em pó, soprado pelo sopro do vento,
Tudo o que foi é varrido.
As cinzas do passado que esteve
Alvoraçadas em turbilhões ascendentes
Espartem-se para não voltar.
Na terra seca, em torrões que as mãos já apertam
Caem gotas de água salgada que o pó querem macerar.
Passos esmagados na terra, no caminho que aqui chegou,
Imprimem vagarosas pegadas de quem ao pó sobejou…

2012-04-10
Fernanda Paixão