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sexta-feira, 30 de março de 2012

Nada







Nada,
Qual éter volátil!
Nada!
Nem som,
Nem sorriso,
Nem tu,
Nada!
O vazio…
A mão fria e trémula que percorre o teu espaço
Os olhos que indagam as sombras da noite
O corpo que se aniquila na ausência.
Nada!
Agora que clamo por ti,
Que te aguardo e te guardo em inquietos arquejos
Que te velo e desvelo em linhos orlados a prata,
Nada!
Grito em sinfonias mudas o teu nome,
Afago a fronha que demora por ti,
Observo a porta que se abrirá ao teu passo…
Nada!
Já cansada, na espera que se fez longa e vazia
Deixo o teu corpo inventado repousar junto ao meu
Deixo os teus olhos, que os meus imaginam, acalmar.
E,
Do Nada da noite da espera
A luz que a manhã faz tão suave
Beija o teu corpo vero e quente
Que a meu lado se embala dormente.
E,
Porque te sei fatigado
Embalo-te no meu regaço
Qual delicada criança que abraço!

2011-11-04
By Fernanda Paixão

quinta-feira, 22 de março de 2012

Vincular





Dos meus olhos que não te vêm
brotam gotas cheias de sal
deixando sulcos no meu rosto
e uma aparência espectral

As minhas mãos já sem pele
de limpar o sal e as feridas
anseiam o toque das tuas
as ternuras incontidas

Os meus lábios já gretados
do sal que por eles circula
selam palavras de amor
que a minha boca vincula.

Fernanda Paixão
20111218

domingo, 18 de março de 2012

Quem Passa por Mim




Quem passa por mim,
Quando passa,
Mesmo que em estada escassa
Deixa uma marca que abraça.
E nem o tempo não estilhaça.

Quem passa e marca a diferença
Num estar que se adensa
Fica para sempre comigo
Num “ser” que me compensa.

Quem passa sem pedir licença
Sem aviso e sem avença
Imprime uma marca indelével
… mesmo pequena, é  imensa!

Fernanda Paixão
2012-03-18


terça-feira, 13 de março de 2012

Diferente




Sou diferente,
Apesar de apenas, ser gente,
Uma gota a mais na corrente….
Sou diferente e,
Sinto que não te pertenço
Que vivo no teu contrassenso
Que não passo a vida em suspenso.
Sou diferente,
Não partilho o teu pensar
Elevo-me para além do teu mar
Tenho outro respirar.
Sinto que não te caibo na palma da mão
Que não correspondo ao teu padrão,
Que não fingindo aceitação.
Sinto que a ti não sou igual
Não partilhamos a mesma moral
Não existo artificial
Sei que às vezes é estranho
Ouvires a verdade sem acanho
Saberes que não te acompanho.
Sei que sou diferente,
Que meu pensamento é quente
A minha boca imprudente
E eu totalmente transparente.
Sei que não compreendes
Que com a verdade te ofendes
Que vives no mundo que aprendes
Sei que devia mudar
A minha voz abafar
Falar apenas para agradar
Sinto que não pertenço aqui
Que assim me separo de ti
Que me perco por aí
E mesmo rodeada de gente
Às vezes fico ausente
Num caminho divergente
Numa presença dissidente
Mas mesmo sendo diferente
O meu coração é ardente
E sofro como toda a gente.

By Fernanda Paixão
2012-01-22

quarta-feira, 7 de março de 2012

Colhi um Ramo





Colhi um ramo de alfazema.
Pelo aroma, pela cor?
Talvez impelida pelo rubor,
Colhi um ramo de alfazema.
Guardei-o,
atado com uma fita de seda branca.
Não sei do ramo de alfazema
que escolhi e colhi.
Podia ter sido para ti.
Esse ramo de alfazema foi acolhido em mim.
Às vezes abro uma gaveta,
Não vejo o ramo de alfazema...
Mas o aroma da gaveta aberta recorda-me o dia em que o colhi.
Um dia em que estava junto a ti.

Fernanda Paixão
2012-03-06


sexta-feira, 2 de março de 2012

Do que mais gosto





De todos os sons,
Gosto os que ouço junto a ti!
De todas as cores,
Gosto da dos teus olhos,
Os que olham por mim!
De todas as fragrâncias,
Gosto da tua quando me refugio em ti!
De todas as palavras,
A que mais gosto?
Amor, sussurrado por ti!


By Fernanda Paixão
2011-11-03