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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Eis-me


Eis-me!
Nas horas tardias,
Baladas de silêncio.
As sombras que espreitam,
Os sons que furtivos se elevam.

Encontro-me
Nas horas tardias
No fugir da ideia
No lavar da alma.

Encontro-me
Nas horas tardias

Sentimentos,
Os que me prendem,
Os que me soltam e libertam.
Nas horas tardias
Vagueiam acordes perdidos de um canto qualquer
Ou passos incertos de quem se perdeu,
Ou certezas de quem, no sorriso, se encontrou.

Nas horas tardias,
Naquelas em que as letras se esfumam,
Os amantes se enlaçam,
Os trôpegos caem e, às vezes, nem sempre, se levantam
Nas horas em que se cozinham traições,
Se consumam paixões,
Se mutilam ilusões ou
Sse choram emoções
Eis-me,
Puxei da cadeira,
E agora?
Nas horas tardias
A lembrança dos que foram companheiros no silêncio da noite,
A volúpia do fumo quente do cigarro que, entre dedos caídos, se deixava arder
A cor da luz das horas, sem entardecer nem amanhecer
Os desvelos das palavras que a tinta impedia esquecer
Eis-me!
E agora?
Agora, continuo a sonhar,
A saborear os cheiros da noite, da terra molhada, do nascer da alvorada.
Eis-me!
E agora?
Agora nada!
Que a noite preenche o vazio,
Os recantos com sombras e véus,
Eis-me!

By Fernanda Paixão
2011-04-27

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