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terça-feira, 29 de março de 2011

Não me Leias



Não me leias ou interpretes
Nem me perguntes quem sou
Não penses comigo
Nem acredites conhecer-me
Não me confundas nem persigas
Não me sei descodificar
Sei-me simples em complexas anisotropias
Sei-me pesada numa bola de sabão
Ou leve incapaz de sair do chão
Sei-me de todas as cores em total transparência
Sei-me doce com o ácido na pele
Sei-me fel com a boca feita mel
Não me leias
Não há letras que me escrevam
Nem palavras que me falem
Não me leias
Deixa-me percorrer as minhas linhas
Escrever-me com outras tintas
Deixa-me vaguear ilegal
Deixa-me ser irreal
Não me leias

By Fernanda Paixão
29.03.2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Gotas


Chovem gotas.
Gotas pequenas,
Chovem gotas apenas!
Chovem gotas.
Chovem gotas em compasso,
Chovem gotas no meu regaço!
Chovem gotas,
Chovem gotas de água pura,
Chovem gotas de candura!
Chovem gotas,
Gotas de água salgada,
Chovem gotas de uma alma abnegada!
Chovem gotas
Em torrentes de emoção
Chovem gotas repletas de comoção!
Chovem gotas cristalinas,
Chovem gotas dançarinas,
Chovem gotas que imaginas
Serem gotas clandestinas,
Serem gotas concubinas,
De um sentimento menor …
São gotas de líquido perfeito
Gotas para sempre meninas
Gotas feitas de endorfinas
Gotas de um amor insuspeito

By Fernanda Paixão
18/03/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sou tua


Preencho os silêncios
Com o desafogo da paixão.
Pinto a noite
Com as cores do teu sorriso.
Aqueço as minhas mãos
No calor do teu coração.
Abro a janela …
Invade-me o ar fresco da noite.
Agitam-se as folhas rasgadas caídas no chão,
Sussuram os ramos das árvores e
O doce aroma das flores que dormem rouba-me o respirar
Fecho os olhos
Deixo-me banhar pela luz de prata da feiticeira lua,
Deixo-me beijar pela brisa que flutua,
Deixo-me ir no sonho que deflua,
Deixo-me ir porque sei … sou tua.
Sou tua
Porque me preenches os silêncios sem palavras
Me pintas a noite sem aguarelas nem telas
Me aqueces com o calor do amor
Sou tua
Porque sou livre e na liberdade me prendo
e assim,
 a ti me rendo.


By Fernanda Paixão
17.03.2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Escrevo-te



Escrevo-te para que guardes de mim as palavras
As curvas das letras, as pintas dos is, as marcas dos dedos.
Escrevo-te para apagar o silêncio em que mergulho,
Os gritos de dor, os suspiros profundos, os olhares perdidos.
Escrevo-te porque as palavras teimam fluir,
As mãos arrefecem em quietude, as ideias parecem bulir.
Escrevo-te porque me lembro de ti,
Porque o olhar teima em chorar.
Escrevo-te porque o grito escrito é maior,
Porque sinto na boca a lembrança do teu sabor.
Escrevo-te porque as paredes me fecham a voz
Porque me firo na ideia de estarmos nós.
Escrevo-te porque as palavras escritas se podem rasgar
Porque a demora teima ficar.
Escrevo-te porque imagino a tua pele pergaminho,
A tinta que desenha o caminho.
Escrevo-te porque evado ilusões e liberto emoções
Sonho…
Escrevo-te pedindo tuas mãos para me afagar,
Anseio o teu regresso ao esboço do meu esgar.
Escrevo-te e amarroto o papel,
Pinto a minha boca com tons de pastel,
Sinto o sabor da tua pele!

By Fernanda Paixão
02-03-2011